Autores: Patrícia Porto
Da significância simbólica do nome da autora, chegamos ao espaço de chegada e de partida das naus, movidas pelos ventos da memória polifônica, que na espiral do tempo nos conduzem às Narrativas Memorialísticas: Por uma Arte Docente na Escolarização da Literatura.
Na leitura apaixonante/apaixonada do texto de Patrícia Porto surgem as ambigüidades do ato narrativo, concernentes à forma de “ensino da literatura na escola”, e o desafio de enfrentar tal situação, a partir de um compromisso epistemológico e poético com a arte de educar. Daí a importância do presente trabalho quando sinaliza para o engajamento literário feito com amor, com gosto, com vivência e a possibilidade de transformar as aulas de rotina em “encontros com a literatura”. Desse modo, a arte literária amplia o acesso à democratização do conhecimento e faz “girar os saberes” (Barthes), atraindo para o mesmo barco professores e alunos, cúmplices e guardiães do templo sagrado de suas histórias de vida.
É consabido que a memória, em suas diversas acepções, constituiu/constitui um rico manancial para a escrita de obras literárias, haja vista A la recherche du temps perdu de Marcel Proust, dentre tantas outras. Isto porque como nos diz Simon Harel em L`écriture réparatrice, o discurso memorialista não é apenas mimético, ele reinterpreta os dados vivenciados. Também Bergson em Matière et Mémoire declara que “pela memória , o passado não só vem à tona das águas presentes... como também empurra, desloca as percepções imediatas, ocupando todo o espaço da consciência. A memória aparece como força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente, penetrante e invasora.” Já o teórico Guattari, em seu livro Micropolítica: Cartografias do Desejo, trabalha com os conceitos de “território/territorialidade”e, valendo-nos de suas conceituações, podemos dizer que o memorialismo é a religação que o autor estabelece no território da memória. A territorialidade significa não a posse dos bens materiais, não uma apropriação, mas uma identificação cultural de pertencimento.
Nossos parabéns, portanto, a Patrícia pela instigante travessia nos mares da narrativa memorialística, onde narrar significa não esquecer, significa aprender... reinventar o vivido e viver com o prazer da descoberta.
Profª Drª Márcia Pessanha
Por isso recomendamos este livro a todos aqueles que acreditam que “a educação não tem começo nem fim, só travessia” (Rubem Alves).
Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-85-62480-94-2
DOI: 10.24824/978856248094.2
Ano de edição: 2010
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 232
Formato do Livro: 16x23 cm
Número da edição:1
Patrícia de Cássia Pereira Porto
Possui graduação em Letras (Português-Literaturas) pela Universidade Federal Fluminense (1996), especialização em Alfabetização (2001), mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (2004), na linha de pesquisa do Cotidiano Escolar, e Doutorado