O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é um marco importante para a valorização da história e da cultura afro-brasileira, bem como um momento de reflexão sobre a luta por igualdade racial no Brasil. Instituída em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola que resistiu à escravidão, essa data convida a sociedade a repensar as questões relacionadas ao racismo, à exclusão e à marginalização da população negra. Com essa reflexão, destacamos algumas obras que contribuem para o debate sobre identidade, resistência e inclusão, confira a seguir.
O Despertar da Negritude
No livro “O Despertar da Negritude: Quando Homens Negros se Defrontam com Suas Identidades”, o autor Wellington de Souza Nisterac narra a trajetória de três homens que, após vivências marcadas por discriminação racial, reconhecem-se como negros e passam a resgatar suas histórias. A obra explora o processo de autoidentificação tardia, influenciada por experiências de violência e exclusão em espaços como a escola, o trabalho e o lazer.
O autor destaca a complexidade de crescer em um ambiente multirracial, onde a negritude muitas vezes é negada ou reprimida, e enfatiza o poder transformador do reconhecimento e da aceitação da própria identidade racial. Este livro contribui para uma reflexão profunda sobre a construção da identidade negra e os desafios enfrentados pelos homens negros em uma sociedade marcada pelo racismo estrutural.
Estigmas raciais e homofóbicos
O livro “Tornar-se Negrogay: A História de Vida de um Homem-Professor Situado e ‘Sitiado” do autor Antonio José de Souza, trata das múltiplas camadas de exclusão enfrentadas por homens negros gays. A obra relata a história de Rubião Bovary, um professor do Nordeste brasileiro, cuja identidade é marcada por estigmas raciais e homofóbicos.
Ao cunhar o termo "negrogay", o autor enfatiza como as discriminações de raça e orientação sexual se entrelaçam, criando desafios ainda mais profundos para aqueles que, como Rubião, vivem à margem da sociedade heteronormativa e racista. O livro propõe uma discussão potente sobre alteridade, reconhecimento e inclusão, essencial para compreender a diversidade das experiências de vida de homens negros na sociedade contemporânea.
Ações e Práticas sobre a População Negra
Em “Ações e Práticas sobre a População Negra no Município de Marechal Cândido Rondon: Influências da Lei 10.639/03” do autor José Ediane Pereira da Silva, é discutido os impactos da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.
A obra apresenta um estudo sobre as ações implementadas no município de Marechal Cândido Rondon, no Paraná, para promover o reconhecimento da contribuição da população negra na formação da identidade brasileira.
O livro mostra como essa legislação tem sido fundamental para a valorização da cultura africana e afro-brasileira, proporcionando uma mudança nas práticas educacionais e reforçando a luta pela igualdade racial no Brasil. A obra é uma importante referência para educadores e pesquisadores interessados em entender o papel das políticas públicas no combate ao racismo.
Exclusão e marginalização de autores negros
No livro “Quando a Escrita Traz a Marca do Sofrimento: Privação de Reconhecimento na Vida e na Obra de Autores Negros Brasileiros” da autora Amanda Maria Marques Pimenta, é investigada a exclusão e marginalização de autores negros na história da literatura brasileira. Baseada em sua pesquisa de doutorado, a autora percorre a trajetória de escritores negros desde o período abolicionista até os dias atuais, questionando por que a sociedade continua a negar o reconhecimento pleno de suas contribuições.
A autora reflete sobre o sofrimento psíquico gerado pela falta de reconhecimento e pelo preconceito estrutural, oferecendo uma análise profunda sobre como a negação da alteridade afeta a produção cultural e a identidade dos sujeitos negros. A obra convida os leitores a repensar a exclusão histórica dos negros no campo literário e a importância de criar espaços de visibilidade e valorização para suas vozes.
O Dia da Consciência Negra e a Luta por Reconhecimento
Essas obras, cada uma a seu modo, oferecem contribuições valiosas para o entendimento da complexidade da experiência negra no Brasil. Ao abordarem questões de identidade, resistência e exclusão, ajudam a ampliar a compreensão sobre as diversas formas de racismo e discriminação que afetam a população negra.
No Dia da Consciência Negra, ao refletirmos sobre a importância dessa data, somos lembrados de que a luta por igualdade e reconhecimento é contínua, e que o conhecimento é uma das ferramentas mais poderosas para transformar a realidade social e combater o racismo estrutural. Confira mais obras que trazem as histórias e estudos sobre a luta da população negra em nosso site: www.editoracrv.com.br