PODER & COMÉRCIO
A Associação Comercial e Industrial de Guarapuava (1955 - 1970)

Autores: Marcos Aurélio Machado Fernandes

Este livro é o resultado da pesquisa de doutoramento que tratou da elaboração de um diálogo acerca do poder local, analisando a ação política do empresariado organizado a partir de sua entidade de classe a Associação Comercial. No interesse por detectar as articulações e os padrões da ação política do empresariado local (representados pela ACIG), no âmbito da rede de relações que se estabelecem na sociedade, e sua interação com o arranjo político-institucional vigente, para compreender a relação entre a sociedade civil e a sociedade política, em sua permanente interação, de conflito e redefinição.

Como epicentro da pesquisa, foram consideradas as relações entre a diretoria da Associação Comercial e Industrial de Guarapuava (ACIG) e a da Câmara Municipal, no período de 1955-1970. A pesquisa submeteu os registros contidos nas atas das entidades, a um elenco de categorias de análise conceitual, que procuravam identificar os elementos que se tornaram estáveis e permanentes e as possíveis repercussões que essas relações trouxeram à cidade. Tendo em consideração o que escreveu Max Webber: toda escolha é arbitrária diante da infinitude do real. A análise da burguesia econômica, pelas suas relações sociais, se constitui numa contribuição ao estudo da classe dominante. Os trabalhos, com orientação prosopográfica (método aplicado nesta pesquisa) procuram; em analisando as elites, descobrir um dos conjuntos sociais que detém parcela relevante do poder e conhecer seus mecanismos concretos.

A ACIG caracterizou-se, institucionalmente, como parcela da realidade de poder inserido no Estado burguês. Faz parte da rede social que liga as diversas elites, constituindo grupos de pressão de suas demandas, na relação com o Estado. E, das alianças com os outros grupos, constitui a elite dominante, como parte das funções de representação do grupo. A pesquisa evidenciou a constituição de um grupo que, institucionalizando a ACIG, conseguiu espaço para ampliar sua inserção política local, passando, a partir daí, exercer o predomínio no poder político e econômico local. Ainda que, isso não tenha de forma alguma excluído o grupo dominante anterior, senão que há aí uma acomodação e uma reprodução na política local, da modernização conservadora.