O EFEITO-EQUIPE E A CONSTRUÇÃO DO CASO CLÍNICO

Autores: Aline Aguiar Mendes

A liberdade que nos concedemos ao propor nosso método de trabalho apenas foi possível pelo modo como aprendemos, com Freud, a realizar as construções. A leitura do texto “Construções em Análise” nos permitiu entender que as construções em análise são sempre de fragmentos, incompletas, enviesadas e tem seu efeito ao fazer surgir uma produção que está “ao lado” do que foi construído, somente se remetendo indiretamente a ele, mas que por isso lhe permite a convicção. Por essa razão, fazemos da provocação freudiana que, ao parafrasear um clássico, afirma que as construções são como iscas de falsidade que fisgam uma carpa de verdade, nosso mote.
Nessa perspectiva, o caso é para nós uma isca, uma ficção sustentada na lógica do impossível, que permite cerni-lo, ou seja, que poderá fisgar uma carpa de verdade, esse fragmento opaco do caso, que insiste, onde algo da verdade do paciente em questão pode se fazer valer e produzir um saber concernido em um ou mais de um da equipe.
O encontro com a evidência-opacidade dos restos, que se decantam a partir da leitura de “Construções em Análise”, permitiu elaborar um saber orientador de nossa prática, qual seja, a equipe não existe previamente a um caso, ao contrário, é a construção do caso que faz existir uma equipe, ou melhor dizendo, o que chamamos de efeito-equipe. A construção do caso clínico, ao implicar os profissionais, faz existir uma equipe, fazendo valer que ali há sujeitos concernidos pelo caso, que ao serem tocados (cada um ao seu modo) pelo impasse, tornem-se um aprendiz do caso. É isso o que reorientará suas intervenções, que eram dirigidas, anteriormente, pelos significantes mestres normatizantes da instituição.

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