Autores: Eduardo Martins
Os termos de bem viver foram largamente utilizados como meio de saber/poder durante as últimas décadas do período imperial brasileiro, servindo como um instrumento discursivo produtor de identidades, principalmente a do “vadio”. O discurso da vadiagem, nesse contexto, ganha então uma singularidade, pois não diz respeito à exclusão do indivíduo tipificado, mas pelo contrário, refere-se à sua inclusão. Uma vez que o discurso pretendia construir uma adequação do indivíduo ao sistema de trabalho e à construção da unidade nacional, ou dizia respeito ao modo tradicional de vida que a elite queria eliminar, o instrumento disciplinar de termo de bem viver foi o corolário utilizado não somente pelo poder legal, mas por determinados membros da sociedade que se faziam representar em causa própria, “legislando em causa própria”, no momento em que eles apropriam-se dos mecanismos jurídico-policiais para defender seus pequenos negócios ou causas. As contendas e as querelas familiares fazem com que vizinhos e amigos deixem de pertencer ao estritamente privado e ganhem o âmbito público e policial. Deste modo, a normatização do saber/poder é exercida em forma de “rede”, passando toda a sociedade a ter o conhecimento do cotidiano da vida comum que é registrada em processos, dossiers, e finalmente, em arquivos que circulam pela sociedade são formas de uma rede hierárquica de saber chegando até aos olhos do Imperador D Pedro II.
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Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-85-8042-256-6
DOI: 10.24824/978858042256.6
Ano de edição: 2011
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 194
Formato do Livro: 14x21 cm
Número da edição:1
Eduardo Martins
Possui graduação em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001). Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003). Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista - UNESP - campus de Assis (2008). Ministra aulas na FINAN
É editor chefe da Revista on-line Pitágoras – ISSN 2178-8243. www.finan.com.br/revista.