Autores: Clarissa de Carvalho Alcantara
A partir da invenção dos conceitos de corpoemaprocesso e teatro desessência, aprofundo as relações matriciais entre palavra-imagem e corpo-escritura, usando como suporte de investigação o cruzamento entre performance, vídeo e fotografia – corpoescritura no espaço sobre escrituracorpo na tela. Implicada à noção de processo está a ideia de continuidade-descontinuidade que cria a versão do corpo próprio como objeto/poema (intervenção à poética de Wlademir Dias-Pino e ao Poema/Processo - 1967). O presente estudo aprofunda a pesquisa de Mestrado, que explorou, através da fenomenologia de Merleau-Ponty, a estreita relação de sujeito e objeto como experiência da linguagem. Na tese de Doutorado, a experiência se dá no vazio desta mesma linguagem, lugar revelado pela literatura de Maurice Blanchot e explorado na experiência interior, de Georges Bataille, permitindo gerar, através de um diário de tese, a concretude de um corpo como escritura extemporânea. O poema avoluma: do atachamento da palavra/imagem impressa à luminosidade da tela virtual, perpassa um corpo vivo gerado na desordem e diferença. Na tese corpoemaprocesso / teatro desessência, sujeito e objeto se fundem, a partir do desaparecimento de seus sentidos isolados. No singular corpoemaprocesso há vários. Neste corpo físico feito em pedaços, há um corpo unido, como o corpo sem órgãos que se expressa em Artaud – autônomo e anônimo ele se dá um pseudônimo suspenso num paradoxo indissolúvel. Artaud, Blanchot e Bataille definem-se como peças-chave de um grande jogo tecido em rede-rizoma; Deleuze e Derrida estão também aí multiplicados, eles fazem parte da leitura física desse corpoescritura, unido e despedaçado, simbólico e alegórico, orgânico, múltiplo e disperso, que a práxis/teórica desta tese executa na investigação dos espaços da experiência da performance. O discurso acadêmico produzido pela pesquisa e o suporte formal que o recebe estão, aí, radicalmente afetados. A tese, impressa em 19m de tecido, versão primeira composta por quatro volumes separados em rolos, é ilegível. Foram apresentadas, então, dez outras versões em papel, com os quatro livros amarrados em cruz a um pedaço de couro – condição física para que o corpoemaprocesso possa ser lido à luz do dia.
Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-85-8042-208-5
DOI: 10.24824/978858042208.5
Ano de edição: 2012
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 340
Formato do Livro: 14x21 cm
Número da edição:1
Clarissa de Carvalho Alcantra
Graduada em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (1997), Mestrado e Doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999-2005), orientação de Alckmar Luis dos Santos; Stage Doctorat - Universite de Paris VII - Universite Denis Diderot (2004), com Christophe Bident, Pós-doutorado pela UFSC (NUPILL), Teoria do Texto Digital (2006) com auxilio do CNPq e Capes; Pós-Doutorado