Capa do livro: LUCIANO E OS MITOS: <br>sociedade, política e memória no Império Greco-Romano

LUCIANO E OS MITOS:
sociedade, política e memória no Império Greco-Romano

Autores: Edson Arantes Junior

leitura do título – Acreditavam os gregos em seus mitos? –, qualquer pessoa com a mínima cultura histórica terá respondido de antemão: Claro que acreditavam! ” É que lidar com os mitos não põe em questão o verdadeiro e o falso, o interesse estando em perceber como se constituem os regimes de verdade que fundamentam seus usos, do mesmo modo que os da ciência, da religião, da política e das práticas culturais.
É a esse tipo de questão que se dedica este instigante estudo de Edson Arantes Júnior, que não esmorece diante de um enorme desafio: investigar qual tratamento dispensa aos mitos o mais incréu dos escritores gregos, Luciano de Samósata. Já no décimo século bizantino, o patriarca da Igreja do Oriente, Fócio, declarava que Luciano parece não crer em nada, a não ser que se diga que sua crença está no nada crer. De fato, do segundo século de nossa era até hoje, esse sírio, tornado o mais importante autor grego sob o poder de Roma, tem impactado os leitores pela forma como esgrima a ironia, dicção própria dos céticos e desabusados.
Engana-se, todavia, quem pensa que Luciano deprecia e renega os mitos. A premissa em que este livro se baseia é justamente a de que ele, sabedor de que “elementos míticos sustentam a ordem simbólica do poder imperial”, usa o legado da tradição a fim de subverter a ordem estabelecida. Para isso, põe a crítica aos mitos nada menos que na boca das próprias personagens míticas, as mais emblemáticas sendo Momo, Zeus, Prometeu e os mortos no Hades. A cada uma dessas figuras Edson Arantes dedica análises pontuais, considerando, pela ordem, que põem em questão o estatuto da parrésia como forma de dizer, a imagem do tirano, os dilemas do poder e as diversas formas de pensar a vida política.
Tanto para os estudiosos de Luciano se trata de uma contribuição importante, quanto para todos os que se interessam pelos mitos enquanto “expressão de uma memória cultural”. É que, nas palavras do autor, eles funcionam “como ordenamento metanarrativo que organiza os usos das memórias”, de modo que até o mais descrente dos gregos, a seu modo, não pode deixar de neles crer.

Prof. Dr. Jacyntho Lins Brandão
Professor emérito de Letras Clássicas da Universidade Federal de Minas Gerais
Membro da Academia Mineira de Letras
Autor e Tradutor de vários livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.

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Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-65-251-1328-9
ISBN DIGITAL:978-65-251-1329-6
DOI: 10.24824/978652511328.9
Ano de edição: 2022
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 228
Formato do Livro: 16x23 cm
Número da edição:1

LUCIANO E OS MITOS: <br>sociedade, política e memória no Império Greco-Romano
EDSON ARANTES JUNIOR
Doutor em História pela UFG. Professor da Universidade Estadual de Goiás, Campus Norte, atua no Programa de pós-graduação em História da UEG – Campus Sudeste. Líder do Grupo de Pesquisa Historicidade: Educação, Memória e relações de poder. Atualmente é Coordenador do Campus Norte da UEG. Membro da Academia Uruaçuense de Letras.