ADRIANA DA COSTA SANTOS
Filha de José Bernardino e Maria José, irmã caçula de Célia, Vanderlei, Antônio e Carlos José. Nasci e cresci em São Bernardo do Campo, região do Grande ABC Paulista. Carrego em minhas memórias de infância o quintal grande de minha casa, composto por terra, lama em dias de chuvas, muitas plantas, árvores frutíferas e estas compunham o cenário para muitas aventuras. Não fiz pré-escola, fui alfabetizada por meio da cartilha Caminho suave, não tenho lembranças de participar de brincadeiras propostas pela professora ou de contato com a natureza durante esse período escolar. Em minha fase adulta me casei com Orlando Mateus, meu parceiro em todos os momentos, pessoa que tanto me inspira e me apoia. Ao longo de nossos 25 anos de casados conhecemos diferentes culturas, pois algo que gostamos muito de fazer é viajar. Nesse percurso de construção de minha identidade fui valorizando cada vez mais as pessoas, suas culturas e o contato com os elementos naturais. Comecei no serviço público em 1993, como monitora de creche, depois passei a atuar como professora e atualmente sou Coordenadora Pedagógica concursada de uma creche na mesma cidade em que nasci. Sou apaixonada por bebês e crianças pequenas, por isso tenho me dedicado a estudar, aprender junto com eles e respeitar a suas singularidades, buscando defender e potencializar suas vivências e construção de saberes por meio da parceria e formação contínua em serviço dos educadores com quem tenho o privilégio de trabalhar.
ALINE BARBOSA CASTELLANI
Filha de Celina e Osvaldo, casada com o Helder. Atualmente, atuo como Orientadora Pedagógica na rede pública de ensino em São Bernardo do Campo. Fui professora na Educação Infantil, da mesma rede, de 2003 a 2019.
Cursei Magistério No CEFAM Tereza Delta, formação em Nível Médio cujas referências e inspiração considero o melhor começo possível. Sou graduada em Letras pela USP e Pedagogia pela UNINOVE. Tenho especializações lato sensu em Supervisão Escolar, Direito Educacional, Formação de Leitores (FIJ) e Educação Ambiental com ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis (UNIFESP).
Da infância recordo-me com ternura das minhas explorações e contemplações no quintal da casa dos avós maternos. Como amava emaranhar-me nos pés de chuchu, observar o encaracolar dos fios das ramas, sentir as texturas das folhas e aguardar o momento de colher os frutos! Quantos cheiros estavam presentes naquele quintal, desde os emanados pela terra aos exalados pelos matos, plantas, flores, folhas e afins. As vidas que ali habitavam também compunham a beleza inesquecível do cenário: pássaros, insetos, tatus, minhocas, entre outros. Enfim, observar os processos e transformações sempre me encantou. Meus olhos de criança ainda estão comigo, conservo minha admiração diante das minúcias do cotidiano. A vida está repleta de combustível renovável poético, busco manter-me abastecida dele.
Atuar na área educacional contribui para esse abastecer, possibilita contato contínuo com tantas vidas (crianças e adultos) movendo-me, modificando-me, motivando-me, inspirando-me por meio da força dos processos colaborativos e afetando-me com seus feitos e afetos. No grupo de estudos Feito Afeto encontro olhares e mãos que se unem em prol da infância (sua potência e seus inusitados), da estética da sensibilidade, das significâncias e da imprescindível humanidade.
ALINE
Natural de Governador Valadares, MG, sou casada há 13 anos com o meu melhor amigo e tenho dois filhos, João (6 anos) e Mateus (4 anos). Escolher o caminho da educação como profissão, era o mais provável, tendo em vista as experiências que tive com minha mãe como professora de escola pública, participando de suas aulas desde o planejamento em casa, até na sala, quando a acompanhava em algumas festividades. As memórias estéticas que tenho da época da infância, são lembranças de “atividades de artes” desenvolvidas na escola, para compor os murais dos corredores. Mesmo sendo propostas de “atividades todas iguais”, lembro-me de gostar de mexer com as tintas e os diferentes materiais que eram oferecidos nesse momento, “caprichando” na produção, por saber que seria exposto. Fui privilegiada por ter tido boas referências de professores que marcaram minha vida ao longo dos anos escolares, professoras atenciosas e carinhosas, tendo vivido até aquela “paixão platônica” pelo professor de filosofia, que, já no 5º ano, desafiava os alunos a pensarem de forma mais crítica. Me formei em pedagogia na Universidade Federal de Viçosa, tendo oportunidade de trabalhar na área educacional desde o início, aprendendo na prática a exercer minha função. Fui professora de reforço escolar em uma ONG; professora em escola pública e particular, tanto na educação infantil como nos primeiros anos do ensino fundamental. Sempre amei a sala de aula, e me realizava ali! De mudança para São Bernardo do Campo – SP no final de 2009, fui aprovada no concurso público para atuar na coordenação pedagógica, onde estou até hoje! Já são 12 anos estudando e aprendendo sobre os desafios da formação permanente de professores! Nesse período, tive oportunidade de continuar com meus estudos, concluindo uma especialização em Educação Infantil na USP, e, recentemente, o mestrado em Gestão e Práticas Educacionais, pela UNINOVE. Concomitante a esses estudos, conheci a pessoa da Mara, e com ela o grupo de estudo Feito Afeto, lugar que me ensina a ver mais fundo, mais longe...a ver com os olhos de outros. É um lugar que eu amo e preciso estar!
ANA
De acordo com o significado do meu nome: “cheia de graça”. Mamãe do John, filha do meio de Dona Lúcia e Seu Antônio (In Memoriam) e irmã de Cícero e Maria. Tive o prazer de nascer numa cidade nordestina que sussurrou nos meus ouvidos o mesmo nome que ela tem: “Boa Viagem”! E desde então, é o que tenho feito! Cheguei a São Paulo com 1 ano e 7 meses com minha tia Gorete, minha segunda mãe. Quando pequena tinha as mãos e as roupas manchadas com a tinta das amoras. No quintal da chácara do avô com os primos, subia em árvores, fazia castelos de areia, jogava “cinco marias”. Ainda me é nítida a imagem e a sensação de frio na barriga do balanço que foi feito com corda e madeira. Além do gostinho da limonada e do chá de cidreira colhidos na hora! Aos cinco anos, queria muito aprender a ler, porque a professora sempre convidava as crianças para fazê-lo em voz alta. Eu achava esplêndido como juntando algumas letras, podíamos formar palavras! E, de tanto insistir para minha mãe, ela mesmo com pouco conhecimento conseguiu me alfabetizar! Não me esqueço do primeiro livro que ganhei assim que aprendi a ler: “Pic-Pic”, há uma dedicatória da minha professora da pré-escola, Zilda. Desde então, leio para amigos, amores, alunos e para meu filho que também herdou essa paixão. Trabalho na Rede de Ensino de São Bernardo do Campo há 8 anos, 4 deles atuando como Coordenadora Pedagógica na EMEB C. A. D. onde desenvolvi um olhar apurado e sensível para a gestão escolar. Atualmente atuo como professora de apoio a projetos pedagógicos e tecnológicos na EMEB P. F. E. Sou graduada em Pedagogia e Letras e pós-graduada em Arte Educação, Ludopedagogia e atualmente cursando Gestão Educacional. E por fim, não poderia deixar de mencionar que o “Feito Afeto” me afetou e é fato que não abandono jamais! Esse grupo têm sido minha rede de apoio desde 2017, me acolhendo, ensinando e encorajando a cada dia. Sou amante das artes e da natureza, mantenho meu espírito infante, sou inquieta, transgressora e me encanto a cada nova descoberta. Tenho apreço pela pesquisa, pela escrita e pela dialógica. Pois, acredito que o conhecimento só é válido quando compartilhado e somente assim me descubro constantemente a Ana mais do que nunca!
BRUNA
Sou Professora de Educação Infantil, hoje Coordenadora Pedagógica, atuando na rede municipal de São Paulo desde 2011. Vivi num contexto onde poucos queriam ser professores. Nadei na contramão! Meus amigos queriam ser fisioterapeutas, estéticos, enfermeiros, administradores, químicos e advogados. Eu? Gostava mesmo era de estudar, saber sobre tudo um pouco e partilhar o que sabia. Curiosa! Gostava de estudar com os colegas, me debruçar nas explicações de cálculos, teorias, os infinitos conteúdos e ouvir no final: “– Com você eu entendi!”. Eu ainda não havia percebido que nessa troca generosa, eu também aprendia muito! Ao fim do Ensino Médio, comecei a trabalhar como Auxiliar de Primeira Infância na Prefeitura de São Caetano do Sul e ali, na delicadeza das relações com pessoas tão pequenas e ao mesmo tempo tão potentes, percebi que começamos na infância a aprender muito mais do que eu imaginava! Aquela sensação generosa ao partilhar o que sabia sobre o mundo com os bebês, me laçou outra vez. Foi ali que me descobri professora, dei adeus ao Curso Técnico de Química da ETEC e na Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo me tornei professora de bebês e passei a defender a infância, a formação dos educadores dos berçários. Ali, descobri que na troca, poderia transformar! Fui Professora de Educação Infantil nas redes municipais de ensino de duas cidades da região do Grande ABC Paulista e hoje curso a Especialização em Educação de 0 a 3 anos na Universidade de São Caetano do Sul. O Grupo de Estudos Feito Afeto, fortaleceu minhas raízes na Educação Pública. É no embalo da troca generosa que me torno uma professora melhor a cada dia.
CLAUDIA SCARCELLO STRINI
Nasci no final do verão daquele ano. Início de março. A primeira filha, a primeira neta. Claudia foi o nome que meus pais escolheram. Gostei e gosto até hoje.
Minha infância em São Bernardo do Campo foi muito feliz, sempre com a presença e o carinho da família. Tenho lembranças de lugares que me fazem sonhar até hoje, as ruas calmas da cidade, o parque da praça central, o quintal de terra da casa da minha avó, com pedrinhas, flores brancas, folhas e ervas perfumadas... Que tempo bom! Adorava ir à escola para aprender coisas novas e para me encontrar com a professora e com as outras crianças. Entre as brincadeiras preferidas, gostava de brincar de escolinha com as minhas bonecas e amigas. Resolvi, mais tarde, ser professora de verdade. Com apenas 19 anos comecei a trabalhar na rede de ensino público de São Bernardo do Campo, como professora de Educação Infantil.
Sou graduada em Direito pela Universidade de São Paulo – USP, em Pedagogia pela Faculdade São Bernardo – FASB e pós-graduada em Direito Educacional e Gestão em Recursos Humanos na Educação. Atualmente trabalho como Coordenadora Pedagógica em uma escola da infância, na mesma rede de ensino municipal.
Sou casada com o Rodney e mãe da Bruna e da Laura, os amores da minha vida.
Aprendo sempre, a cada dia, nas experiências pessoais e profissionais e na interação com as pessoas que fazem parte do meu viver. Participar do Grupo Feito Afeto me deixou ainda mais sensível e encantada com as crianças e suas infâncias e com a defesa de uma educação cada vez mais humanizada.
ELAINE
Mãe do Joaquim. Minha história com a Educação iniciou no momento em que em entrei na escola no ano de 1984, com a professora Bernadete. Alguém muito brava, mas que naquela época já tinha um olhar atento a suas crianças e suas necessidades. A considero minha maior fonte de inspiração. Ingressei no magistério no ano de 1992, me formei em pedagogia no ano de 2007. Passei por escolas particulares, estaduais e hoje me encontro na rede de ensino público de São Bernardo do Campo, mais precisamente na EMEB F. B., onde, junto com minhas parceiras de trabalho e estudos buscamos uma educação de qualidade pela infância, pesquisando, estudando, mas sem deixar de lado aquele mesmo olhar atento da professora Bernadete, que vê além da bagunça ou da quietude de uma criança. Tenho especializações em Educação Infantil e Psicopedagogia, no entanto, a oportunidade de encontrar o grupo Feito Afeto ampliou o meu olhar em relação à infância. Ah! Infância de tantas doces lembranças, das brincadeiras de rua, dos banhos de chuva e tantas outras. Não posso deixar em momento algum de falar da minha rede de apoio mais direta, que faz com que o meu trabalho seja melhor. Os meus pais, meus irmãos e meu marido, que me apoiam incondicionalmente e que permitem estudar e trabalhar tão longe de casa, uma vez que hoje resido em Guarulhos.
FERNANDA FREITAS
Iniciei no curso de Magistério em 1993, aos 14 anos, filha de professora, cresci dentro de uma escola de educação infantil, acompanhando minha mãe nessa jornada. Ao fim do curso, fui trabalhar em uma “escolinha” do bairro e me frustrei, pois tinha muitas ideias, muita ânsia de trabalhar com as crianças temas sobre a natureza, as artes, a vida, mas a realidade lá era outra: apostilas, metas a serem cumpridas... e vendo que não era o que eu buscava, segui outros caminhos. Dez anos depois, uma amiga me chamou para cursar pedagogia e aquelas ideias e desejos dos meus 17 anos em relação à educação começaram a renascer. Larguei o curso de Designer Gráfico e ingressei na Graduação de Pedagogia no ano 2008, mesmo ano em que assumi as aulas na rede de ensino público no município de São Bernardo do Campo. Enfim, tive a oportunidade de ser professora da forma que idealizei: sem prisões, vivendo a infância, a exploração, a investigação, o inesperado. Passei pela Ed. Infantil, EJA (Educação de Jovens e adultos), onde me chamavam com muito carinho de “professorinha”, Fundamental I, creche, e até pela experiência da gestão, como Coordenadora Pedagógica, mas, descobri que meu lugar é na sala de aula, com as crianças realizando sonhos juntos, sem medos, sem dúvidas, mergulhando na magia. Estou no lugar de realizações. Quando criança tive muitas experiências que estão em minha essência hoje, as viagens a praia e ao interior são os momentos que me tocam. A areia, o sol, as plantas e o cheiro de natureza, das folhas e flores é a estética da natureza, do simples que me traz o prazer no olhar e no sentir. O belo está ao nosso redor o tempo todo, basta olhar. Me especializei no que mais gosto de fazer com minhas crianças, fiz pós-graduação em Arte e Educação e em Educação Ambiental, sempre me aperfeiçoando e envolvendo as crianças ao máximo nessas vivências e experiências que farão com que elas sejam transformadoras do presente e do futuro.
FILOMENA
Mena para minha família, Filó para os amigos e mãe para Helena e Nathália. Tive uma infância rica em brincadeiras, explorando os espaços dos quintais, da rua e tantos outros por onde a imaginação e curiosidade pudessem tocar. Mas brincar de escolinha sempre foi minha brincadeira preferida ao lado de meu irmão, com quem dividi o cenário de minha infância. Aprendi a escrever meu nome com minha mãe. E com ela também aprendi a ver a beleza das flores e plantas que sempre estiveram, e ainda estão, presentes em nosso jardim. Elementos estéticos que contribuíram para apurar meu olhar para as belezas das cores, formas e possibilidades. Fiz magistério na E.E. Alexandre de Gusmão. Ser professora sempre esteve em meus sonhos, que realizei no Magistério e em meus primeiros contatos com a sala de aula em uma escola particular, ainda durante o estágio. Sou formada em Letras, Pedagogia e pós-graduada em Gestão Escolar. Pertenci à Rede de Ensino de São Bernardo do Campo por 27 anos, 25 deles atuando na EMEB Graciliano Ramos, onde desenvolvi meu aprendizado como professora e gestora, no contato com as situações e relações que se estabelecem no dia a dia escolar. Tive a oportunidade de aprender com profissionais inspiradores e seres humanos inesquecíveis como Nadia e Tatiana, minhas eternas companheiras, e Mara Lúcia, que me apresentou, entre outras “bonitezas”, Rubem Alves, eterno mestre da educação das sensibilidades. Atualmente sigo minha trajetória na Educação como coordenadora de uma escola particular em São Bernardo do Campo, sempre mantendo o desejo de estudar e descobrir cada vez mais sobre a infância e seus inusitados, junto a minhas parceiras do Grupo Feito Afeto.
JOZINA
Em homenagem a minha avó. Mãe da Bianca, que me agracia com ensinamentos sobre as sutilezas da maternidade todos os dias. Filha de Manoel e Lili (In memoriam), ambos semianalfabetos, mas que sempre valorizaram os estudos para os filhos. Minha mãe foi um exemplo de humanidade, mesmo com oito filhos e pouquíssimos recursos, estava sempre ajudando todas as pessoas à sua volta. Cresci com esta ânsia de buscar um mundo melhor para todos e escolhi contribuir por meio da Educação. Estou nessa jornada desde os meus 16 anos. Faz um bom tempo! E tem duas coisas que me cativam neste caminhar: o brilho nos olhos encantados das crianças, citados por Rubem Alves e que traz a alegria da descoberta destacada por Malaguzzi. A outra coisa é a arte em todas as suas modalidades, como principal forma de linguagem das crianças. Envolvida pelas artes, fui professora de ballet, fiz teatro e sou pós-graduada em arte-educação. Fascinada pela liberdade dos desenhos infantis e todos os pensamentos, pesquisas de movimentos e explorações que envolvem esse fazer. A partir de 2005 passei a atuar como professora de apoio pedagógico (PAP) e em 2010 como Coordenadora Pedagógica na Educação Infantil. Em 2014 concluí o meu mestrado em Educação, com foco em formação de professores. E assim, continuo lutando para que as crianças tenham seus direitos fundamentais garantidos e para que nunca percam o brilho nos olhos e a alegria! O grupo Feito Afeto contribui com a minha luta, uma vez que traz luz para minha humanidade. Essa luz passa por nós para chegar às crianças.
Uma das minhas lembranças mais longínquas, eu tinha uns dois anos e meio, ficava muito tempo agachada em frente a uma moita procurando “mané-mago”, era assim que minha família, no interior do Pernambuco, chamava gafanhoto. Lembro-me da emoção que misturava o medo e a curiosidade referente à busca daquele bichinho “pulante”. Hoje, vejo o mesmo encantamento nas crianças em busca desses pequenos seres com suas patas, formatos, antenas e cores. Continuo me encantando pelos olhos encantados das crianças!
MARA
Nome curto confundido com Maria, nome de minha mãe professora de Educação Especial, minha inspiração ética de vida, unida com Ari, segurança paterna dos cavalinhos galopantes no corredor de casa e do apoio para crescer e lutar pela vida. Tive uma infância cantante com minha mãe e musical com meu pai, figuras da minha relação cultural e afetiva com a arte, livros, cantigas folclóricas e clássicas e muita brincadeira, o que me fizeram amar a infância. O quintal da infância era um grande laboratório de pesquisas estéticas e, entre elas, recordo dos lençóis alvos ao alto balançando ao vento que me convidavam à dança perfumosa com o sol. A dança tinha aroma. Os reflexos do sol no quintal de caquinhos eram brincadeira de saltos e encantos. Adulta, sou parte de uma existência poético-musical com meu marido Valdiso, minhas filhas Luana e Larissa, pessoas que inspiram meu devir diário. A opção pelo magistério veio de uma família de professoras, mãe e irmãs que me antecederam e me inspiraram a olhar para as crianças pequenas e pequeninhas, um desejo de preservar o encanto pela vida.
Fui uma professora encantada com as crianças, adorava conversar e ouvir suas histórias e ideias e me lembro muito dos seus olhinhos brilhantes, nos quais me inspiro para continuar a luta pelos seus direitos na escola, cursando pós-graduação em Educação Infantil (USP-SP) e Violência Contra a Criança (USP- SP). Abracei forte a formação estética docente, campo do meu mestrado na UNESP- Instituto de Artes – SP. Nesse percurso, vinte anos de docência, dois de professora de apoio pedagógico à formação de professores, cheguei à orientação pedagógica do meu município. Trinta e oito anos depois, recolho o encantamento dos anos e reúno pessoas para dar continuidade ao sonho de ver uma escola feliz, como as sonhadas por Paulo Freire, Rubem Alves e George Snyders. Acima de tudo, fazemos a reverência à criança, à sua voz e empatia neste mundo carente de gente de verdade e sonhamos contribuir para uma educação equânime. Um sonho Feito Afeto.
MARTA TEIXEIRA
Tive uma infância vivida em meio às árvores frutíferas do meu quintal em Salvador, BA. A natureza era o cenário para o brincar da criançada do bairro e é com o corpo inteiro que recordo os cheiros, cores, sabores e sensações. Filha de pais que não tiveram oportunidade de estudar, mas que sempre lutaram para que os filhos tivessem, descobri ainda criança a profissão que queria seguir, e assim o sonho de ser professora foi crescendo junto comigo. Minha gratidão aos meus primeiros mestres, meu pai Cicero que este ano nos deixou, apenas fisicamente porque permanece vivo em nós que o amavámos e minha mãe Maria. Atualmente, encontro no meu esposo Paulo e nos meus filhos João Victor e Guilherme a motivação para seguir perseguindo os meus sonhos. Ao migrar para SP, em 1994 deparei-me com um forte preconceito por ser nordestina e foi no serviço público que consegui retornar para a minha área. Sempre acreditei que a escola pública pode transformar realidades, sou fruto desta escola. Em 2012 desafiei-me a ingressar na gestão escolar e tornei-me Coordenadora Pedagógica na rede de ensino público do município de São Bernardo do Campo, em que já atuava como professora. Graduada em Pedagogia pela Fundação SA e pós-graduada nas áreas de Supervisão Escolar e Psicomotricidade, este ano ingressei no Mestrado profissional na Uninove e estou trilhando o caminho da pesquisa acadêmica. A formação acadêmica é muito importante, mas considero como vital para o educador a formação continuada. Curiosa e inquieta estou sempre estudando e nestas buscas encontrei o grupo de estudos “Feito Afeto” que desde 2017 faz parte de minha formação. Constituo-me a partir destas trocas que alimentam e retroalimentam a minha prática.
MÔNICA DE MARTINI
De família italiana, me lembro com saudade dos meus avós e da casa cheia, do falatório, dos causos, do fogão a lenha e do cheiro delicioso dos quitutes. Nesse cenário passei minha infância e creio que foi onde nasceu o encanto que me fez, mais tarde, escolher a profissão de professora. A escola pública, da qual me orgulho, trouxe a formação no Magistério como a primeira porta para a docência, sendo minha mãe e meu pai os incentivadores da minha formação acadêmica. Graduada em Pedagogia pela Faculdade São Bernardo – FASB; pós-graduada em Educação Infantil pela Faculdade de Tecnologia, Ciências e Educação – FATECE, na carreira da Educação, além da docência, respondi pela Coordenação Pedagógica e atualmente estou na Vice-Direção de uma Escola Municipal de Educação Infantil de São Bernardo do Campo. Casada e mãe de dois filhos que são minha maior riqueza, tenho a família como o que me move. Sigo aprendendo em companhia no Grupo Feito Afeto, espaço que acolhe e me faz ressignificar minha prática.
NATÁLIA KUTKA
Como é difícil falar sobre nós mesmos! Mudamos o tempo todo. E tudo à nossa volta muda também. As pessoas mudam naturalmente na proporção que se desenvolvem. Meu nome é Natália Kutka, sou filha, irmã, mãe, amiga, professora, coordenadora, aluna, entre tantas outras coisas. Recentemente estava conversando com minha irmã e discutíamos: nós mudamos as pessoas e o meio ou, o meio e as pessoas que nos mudam?Na verdade, acho que ambas as coisas ocorrem ao mesmo tempo, a vida é um eterno aprendizado. Tem uma epígrafe do romance Gringo (2012) que virou “meme” na internet de Airton Ortiz, ele escreveu: “somos o resultado das viagens que fazemos, dos livros que lemos e das pessoas que amamos.” Na medida que entramos em contato com outras pessoas deixamos um pouco de nós e levemos um pouco do outro. Sou uma pessoa em eterno aprendizado, quanto mais aprendo, mais quero aprender e compartilhar com os outros o que aprendi. Amo ser professora, pois, essa profissão me ensina todos os dias. Eu quero aprender mais, compreender mais, evoluir sempre. Quero conquistar novos conhecimento, todos os dias. Quero desenvolver os meus talentos e alcançar meus objetivos. A cada dia aprendemos algo novo, a cada dia evoluímos um pouco mais. Por isso, eu não mudaria nada na minha vida, gosto de quem me tornei. Eu sou uma soma de cada acontecimento da minha história.
VALDIRENE
Mãe do Vicente. Minhas primeiras memórias estéticas se relacionam a tomates. Lembro de muito pequena, observar minha mãe preparando suco de tomate de que tanto gostava. O cheiro, a cor do tomate, e a textura do suco que dele era extraído são fortes em minhas memórias de infâncias. Atuo como Coordenadora Pedagógica na EMEB H.B.L. desde 2010 com uma linda equipe de profissionais comprometida com a infância. Foi nesta escola que fui recebida por Edjane e Denise, duas profissionais que com muito cuidado e empatia me acolheram na gestão, sou muito grata em ter trabalhado com duas mulheres tão iluminadas e queridas. Conheci também Mara Lúcia, com quem aprendi a ser mais humana, escutar e reconhecer o outro com todas suas idiossincrasias. Antes de ser Coordenadora Pedagógica, fui professora da Rede de São Bernardo do Campo de 1999 a 2006, e professora de apoio a projetos educacionais no extinto Ateliê de Arte da Rede Municipal de 2006 a 2009. Estudei Letras na Universidade de São Paulo, Pedagogia na UNIBAN e pós-graduação latu-senso em Linguagens da Arte no Centro Universitário Maria Antonia. O estudo acadêmico me proporcionou muitos conhecimentos, através dele conheci melhor a obra de João Guimarães Rosa (minha paixão literária) e a importância das diferentes linguagens artísticas para nossa formação humana; conheci Gal Oppido, participei de alguns encontros e aulas com Ana Mae, Edith Derdik e Amanda Tojal. Todos mestres naquilo a que se dedicam. Entretanto, minha grande formação profissional e humana se dá todos os dias, no chão da escola, nos registros que leio das professoras, nos momentos cotidianos que participo com as crianças... E no grupo de Estudo Feito Afeto, onde me nutro para cada vez mais me tornar uma melhor profissional e um ser humano mais humano.
A VIVIANE
Em constante processo de constituição, é fruto da construção conjunta de muitas marcas e de diferentes pessoas... Marcas das amadas filhas meninas mulheres Isadora e Larissa, que muito me ensinaram a brincar de teatro no papel de respeitável público. Das brincadeiras de infância, que na falta de brinquedos industrializados, possibilitaram-me criar e brincar de comidinha com pedrinhas e folhinhas, de escolinha representando o papel de professora para corrigir cadernos e traçar muitos “certos”, que me renderam uma surra inesquecível por corrigir na íntegra e assinar o caderno da escola da filha de uma vizinha. Mas que nunca me fez desistir de percorrer os caminhos da Educação. Ingressei na Rede Municipal de São Bernardo do Campo no ano de 1995, aos 19 anos, como professora na Educação Infantil. Logo no início, tive como colega de escola, a professora inspiradora Mara Lúcia Finocchiaro, que me ensinou a fotografar as crianças, a elaborar registros com imagens. Entre 2005 e 2007, tive o privilégio de trabalhar na Educação de Jovens e adultos, como formadora de professores alfabetizadores, experiência transformadora em minha carreira profissional, pois a partir de então, a consciência sociopolítica e a Pedagogia Freireana me ensinaram muito do que sou hoje. Em 2010, ingressei como Coordenadora Pedagógica na Educação Infantil, ofício esse que tem me profissionalizado na profissão Coordenadora e me impulsionado a compreender as diferentes formas de aprender. Cursei Magistério, Pedagogia com Licenciatura Plena na Fundação Santo André, realizei algumas especializações, como Educação Inclusiva, Educação Infantil e atualmente Arte terapia, envolvida em cursos, palestras, grupos de estudos. Busco me inspirar, fortalecer formativamente e persistir militando na e pela Escola da Infância.