Autores: Patrícia Luiza Ferreira Rezende
Implante coclear: normalização e resistência surda é um livro que não deixará os leitores indiferentes às formas de condução das famílias de crianças surdas para o implante coclear. Não só pelas discussões sobre a diferença surda e sobre a produção da (a)normalidade forjada historicamente no jogo discursivo que circunscreve a surdez, os sujeitos surdos e o direito à diferença, mas, também, pelo posicionamento firme de sua autora. Patrícia Rezende traz neste livro a tensão entre surdez como deficiência e surdez como marca visual de uma diferença. É inegável, se estivermos amparados em discursos médicos, que a surdez é uma deficiência. Todavia, é inegável, se estivermos amparados em discursos antropológicos e sociais, que a surdez é uma marca no corpo que informa e permite a construção de uma diferença cultural. Não se trata de fazer escolha por uma ou outra situação, mas se trata de uma luta pelo direito de dar oportunidade aos indivíduos com surdez de se identificarem com pares surdos. Possibilitar desde o mais cedo possível a aproximação de crianças e jovens surdos de outros surdos é condição mínima de educar para que no futuro, estas pessoas possam escolher como desejam viver ou que forma de vida querem levar. Portanto, não se trata de negar a surdez, nem tampouco de negar o papel da medicina ou dos avanços tecnológicos do presente que são capazes de facilitarem e darem qualidade à vida humana, também não se trata de fomentar inconsequentemente a contrariedade surda aos processos de normalização. Trata-se de repensar o ímpeto e o direito, mesmo que seja familiar sobre o filho, de decidir pelo outro a forma e a condição de vida que este terá. Assim, este livro forte, polêmico e que mescla história de vida, de luta, de curiosidade e compromisso acadêmico não é uma construção que pode ser classificada como de oposição às práticas que produzem o implante coclear. Ele é, conforme expressão da autora, o esparzir das vozes de seu povo.
Maura Corcini Lopes
Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-85-8042-580-2
DOI: 10.24824/978858042580.2
Ano de edição: 2013
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 162
Formato do Livro: 14x21 cm
Número da edição:1
Patrícia Luiza Ferreira Rezende
Nasceu em Caeté, uma pequena cidade com vista a Serra da Piedade, de Minas Gerais, atualmente reside em Florianópolis, pois tomou posse do cargo de Professora Adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina vinculada a Letras/Libras desde agosto/2010. Também fez pela UFSC o Doutorado em Educação. Tem graduação em Pedagogia pelo Unicentro Newton Paiva, possui especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial pela PUC-MG, onde ela fez pesquisa-ação sobre o brincar das crianças e adolescentes surdos na escola de surdos. Iniciou suas atividades na área Educação de Surdos como professora na sala de recursos em APAE/Caeté-MG, bem como Instrutora de Libras para crianças surdas no Centro Verbo Tonal em Belo Horizonte. Também atuou no ensino de Libras para ouvintes nos cursos de extensão e licenciatura de Pedagogia com ênfase em Educação Especial na PUC-MG, bem como em vários cursos promovidos pela FENEIS-MG e CAS-MG. Trabalhou também como Supervisora Pedagógica na Escola Estadual Francisco Sales, em Belo Horizonte, a escola de surdos. Deixou este cargo quando foi nomeada para outro cargo público, de Analista da Educação atuante na Diretoria da Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, fez trabalhos com vistas a Política Educacional de Surdos de toda Minas Gerais, programou junto com a equipe pedagógica implantação e implementação do CAS-MG, exerceu este cargo por 3 anos e meio, o qual se licenciou para estudos em Santa Catarina e posteriormente exoneração pois já não tinha mais pretensão de voltar ao cargo. Hoje além do cargo público na UFSC, ela também é Diretora de Políticas Educacionais da FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos onde atua em defesa das Escolas Bilíngues para Surdos, onde as línguas de instrução sejam a Libras como primeira língua e Português como segunda língua na modalidade escrita.